Aconteceu
naquela hora, em um momento de leitura, momentos nobres do saber, momento que o
ser fica intenso, envaidece uma emoção de abrir parte da interferência, entre o
motivo do saber e o servir do saber. Naquele momento lí um livro diferente, um
livro novo, não de capa, não empoeirado, não por indicação, um livro diferente
que me divertiu, me ensinou, um ensinamento não escolar, não universitário. O
livro de um dia foi o que eu conheci, um dia após o outro, página após página,
era lido, virou uma mania, um forma de descontração. Livro por livro já estava
acostumado, um por mês ou dois, vários por ano, livro, aprendi usar e cuidar
na escola, o que lí, foi uma outra forma de livro, uma maneira de chegar as
mensagens, vidas, formas novas de ver e fazer acontecer o novo através do livro.
O que me ensinou, o que aprendi, conto depois, o importante agora é a maneira
de ler o livro, porquanto, o que adianta ter um livro se suas mãos, seus olhos,
sua fantasia, não dão alma ao livro? Se sua emoção, seu espírito, não se encaixam
nas linhas descritas, o livro, assim, puro, nada mais é que um papel
desinteressante, frio, cortes de árvores em vão, sem o véu de suas toras,
sorrindo para uma fantasia transformadora de uma nova leitura.
O livro que lí me reteve por horas, conseguimos juntos
lembrar e projetar planos, lí um livro que lembrei de pessoas, acasos, pontos
fracos e fortes que atingem a todos, me encontrei nesse livro, para quem
escreveu cá entre nós, fiquei até com uma pequena inveja, gostaria de ter sido
eu mesmo, mas me contentei a ler apenas. Afinal, o quanto é difícil ler boas
literaturas para quem gosta; o mais estranho é que, o livro era tão importante
e abrangente, que ví as folhas passando nos dedos crespos do menino rebelde,
nas mãos foscas de giz do professor, colocado sobre o colchão, com carinho,
naquele colchão branco e confortável da jovem aprendiz intelectual, o livro
tocou o passageiro apertado no transporte, e conto de pai pra filho na pré
história a beira da cama.
Obviamente, me deparei com quem não se agradasse por ter o
tal livro consigo, no mínimo por perto, críticas e afastamentos surgiram no
conteúdo do livro, tentaram afastá-lo do amor, da verdade, de uma escrita
poética, enterrá-lo em páginas digitais e colocá-lo no calabouço do
esquecimento, disseram que tudo que havia no livro, não era preciso mais ser
guardado na mochila escolar, na estante, no orgulhoso acervo, bastava apenas um
pedaço pequeno de metal colocado em uma máquina, e ali estaria, ele, o livro,
com mais seu amplo saber á amostra. É claro que outra corrente acordou, foi
contra sua prisão, o livro era a liberdade do mundo, escrito por penas, emoções,
tristezas folclóricas, de maneira alguma, mesmo com páginas arrancadas seu
começo e fim ainda estaria intacto.
O livro que recebi, não é religioso, apesar de ser um porto
para sua proteção, o livro não é acadêmico, contudo seu conteúdo é imensamente
formador de um ser humano idealizador de idéias, o livro não são quadrinhos, não
é de poesia e tão pouco de comédia, mas por dizer existe sim pinceladas de tudo isso.
O nosso livro, é o que
escrevemos apenas por viver, simples como respirar, existe alguém, que não
sabemos quem, que está lá, assistindo, escreve o que vivemos, coloca em páginas
uma a uma histórias de vidas, e o seu conteúdo, pode procurar, procure onde
possa estar o livro de sua vida, alguém escreveu para você, contou lá nas
páginas originais e palpáveis seus sorrisos e suas burrices, não posso dar
indicações onde seu livro possa estar, porem se quer saber sobre você, não
deixe um livro acabar, ele pode ser o seu.
Foi o que aprendi com o meu o livro: A maneira que posso escrever a minha história.