SOCIALIZANDO

SOCIALIZANDO
UM CARA PARECIDO COMIGO!

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Estava em uma correria só...
 Era uma senhorinha ativa, teve alguns problemas de saúde que foram superados, fica um tempo só em seu grande apartamento, então quando sua filha que mora longe vem visitá-la ficava eufórica, quer ir pra rua...rua e rua...
Inventada as mais diversas coisas para fazer: - Tem que ir no mercado, consertar o sapato que não usa desde que tinha 20 anos, mas guarda, ver vitrine, ir visitar alguém, fazer uma aposta na raspadinha, só para não perder o costume dos tempos que saía sem ninguém  a tira colo. ETA senhorinha com energia. Nesse dia como não de costume, encontrou com uma amiga do seu filho, tinha sabido que a mãe de um outro amigo deles em comum tinha partido dessa para " terra dos velhinho "- então foi logo indagando sobre como estava a questão de velório, como estava o rapaz e tudo mais; sua filha acompanhando o conto da moça se distraiu ao celular tocar, quando percebeu já estava sendo puxada pra dentro de um táxi e carregada para o shopping: - Mãe onde vamos?  Comprar uma calça, uma sapato e um casaco novo, não posso ir a um velório, estou sem roupa -, coisas de mulher, mesmo sendo senhorinha.
A filha achou por sua vez que o falecimento já tinha acontecido a dias e o velório teria já sido realizado - Mãe o velório? Já não teve? - Não, será amanhã, terça feira, ouvi bem. Temos que correr, as lojas podem fechar e tenho que comprar as coisas. Então foi um puxa filha pra cá, vamos até ali, puxa filha  pra lá, e a filha mesmo mais nova estava exausta. - Vamos menina mole, tem outra loja ali de meia, quer ir ao velório comigo?  - Deus me livre, e andar isso tudo de novo pra comprar? Não mesmo.
E foi um entra em loja, pede pra descer o estoque todo, experimenta, troca de blusa, compra meia, saia, calça. - O que acha melhor, calça ou saia?  E vai para outra loja, briga porque tomaram seu lugar na fila, eta velhinha...fica brava e continua a caminhada. - Mãe vamos comer, estou passando mal de fome.
- Que comê !, só depois, vamos ver as bolsas. E escolhe daqui, carteira, bolsa larga, curta, acha a vendora desatenciosa, chama a gerente, vai em outra loja, reclama, escolhe perfume agora, esquece que a blusa que comprou não era preta, afinal é um velório não? Ufa.... chega ao fim. A filha, quase descalça, andando feito que o chão tem brasa, acena para um táxi, quando o amarelo para dá graças a Deus, enfia um pé bem devagar e o outro acompanha em um sincronismo cheio de dor de calcanhar, a senhorinha, cheia ainda de disposição aguarda para sentar na frente, gosta de notar o caminho e escolher a rota para o taxista.
Para surpresa...
 - Então senhoras, onde vamos?
- Oi tony!
- Oi senhora, nem reconheci vocês, que coencidência.
- Estava aqui correndo para me arrumar pra prestigiar sua mãe amanhã, lamento por sua perda, mas eu vou estar lá ao seu lado, corremos, compramos algumas coisas, a menina aí está cansada, mas irá valer a pena, gosto muito de você e mais ainda gostava de sua mãe. Amanhã irá ser aonde e qual  o horário do velório? Pode me dar uma carona?  Pago a corrida e vamos juntos, e ,,,,,bla..bla...
 Na chegada ao destino....
- Obrigado senhora por todo carinho prestado, mas a senhora foi tão rápida nas palavras que não tive tempo de dizer...
 O velório foi terça passada...minha mãe...um tempo para um suspiro...já enterrou.

Um comentário:

  1. Esse texto parece que foi escrito para a sua avó! rs
    Há dona Zilma...saudades dela.

    ResponderExcluir