SOCIALIZANDO

SOCIALIZANDO
UM CARA PARECIDO COMIGO!

domingo, 26 de agosto de 2012



CURTO VÍCIO

Em algumas horas da madrugado eu ando, largado, jogado, de calça apenas, descalço, opaco e frio, louco e oprimido, sem destino e rota, afinal quem mais se importa comigo? Chegar ao ponto que estou  é lamentável, o meu estado físico, minha pele, meus olhos intimidam meu espelho.Crises, convulsões, agora são parte de minha rotina, meu dia a dia é perseguido e amamentado por esses fantasmas.
Em verdade eu digo que era melhor está contando sobre amor, cães e pasto verde, mas hoje tenho que explicar a mim mesmo o que afetou minha alma: O apocalipse ou o capitalismo ( puta consumista ). Tão novo, tão puro no nascimento, e nesse momento, nessa madrugada, nesse passo chuvoso e invisível, um fantasma impuro, de luz negra e febril...febril de tristeza e droga branca, um pesadelo que não se acorda, um vício.
Ao contar do início me lembro, recosto meu corpo sujo nesse barraco podre e me lembro. Um começo infantil, brincalhão, de risadas, viagens a mundos diferentes e apenas fome por comida e erva, uma leveza angelical me dominava, até porque não assimilava o mal que tudo podia fazer, já que era, o consumo, tão confortante.
Meu nerônios ferviam, a sede, a água, não era suficiente para saciar a retenção de líquidos para me manter imaculado. Perdas foram em sequência, trampo, dinheiro, bens e parentes, o motivo? Desgostos,sofrimento,derrota para o que era proibido e destrutivo. Patrocinava a minha falência em cada noite de consumo, em cada mão estendida a mim e respondida com renuncia á assistência.
Das pessoas que conseguiram permanecer junto a mim, somente sobrarão quem tinha o elo dentro de um cachimbo, nossas vidas se misturavam nessa troca labial, e soltávamos em fumaça os acelerados segundos do inevitável encontro com o negro, com a experiência de não quase morte, entretanto certa.
O terrorismo, a mudança climática ou a ameaça da tempestade solar, dependem da intervenção de um contexto, de várias forças unidas em busca de um objetivo. Meu vício dependia da minha vontade, da minha fé e cabeça, enquanto não conseguia administrá-lo tinha que o mante-lo vivo dentro de mim para poder viver, uma coisa dependia da outra. Fazia o que tinha que ser feito para continuar a cadência do isqueiro acendendo menos uma hora de respiração ou perdurar na trilha formada pela pureza branca da droga que me levava ao final de uma outra curta trilha de vida.
Talvez Deus ainda um dia possa me perdoar, acreditando nas palavras  bíblicas, me afastando do Diabo e correndo mesmo que seja de costas para a recuperação do meu tempo. Preciso com Deus transfundir sua clemência para dentro do meu coração, quem sabe assim todo o veneno consumido saia, me deixe, volte a normalizar o tremor que tenho nas mãos e a deixe firme para segurar a bíblia. Provei de algo que me trouxe faíscas de êxtase e fogueira de dor, quase apagou sem eu perceber uma chama forte: amor a vida!
Pra quem nunca passou por isso, nem inicie, do meio ao fim é trágico.
Cuide de sí!



Nenhum comentário:

Postar um comentário