SOCIALIZANDO

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UM CARA PARECIDO COMIGO!

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

A DAMA

O caminho é o mesmo todos os dias , aquela mesma calçada ,pista e rua percorrida  toda manhã e final de tarde , de carro ou a pé , fazendo um exercício noturno , era a mesma coisa , a imagem nunca sumira , todos os dias , menos na Segunda – feira é claro , afinal o trabalho é mais intenso nos fins de semana. Gostaria de saber como era , ver o que significa aquilo , o porquê do trejeito , comportamento “ dado ” , expressões diferentes , olhar então (...) , de despir qualquer um, quis saber , arriscou , ousou uma vez ,apesar de acostumado a desafios de  negócios, de hierarquias cruéis , novas conquistas , mas nessa proporção experimentou  só algumas vezes , em outras a timidez falava alto , nunca teve tempo para isso , optou por navegar em mares de cédulas , gráficos , pastas de couro e ternos Armanis , sentia certa solidão , beleza não era problema , situação financeira também não , porem era quase inexplicável o desapego por tal fato .
Sua ousadia em uma tarde deu passos curtos , resabiados , analisou o conteúdo e forma , mas foi , conheceu a prostituta , aquela que todos os dias estava ali , parada ou andando, rebolando uma imensidão, escutou propostas, preços, dicionário de posições e jogos de sedução, tava tudo ali, igual no restaurante do meio Dia, era só pegar, quis e não quis, olhou e conquistou atenção com uma nota de cem e palavras doces, para sua própria surpresa, aceitou o convite, não para o quarto do motel ao lado, mas para o outro lado da rua tomar um café ou qualquer coisa, indagado sobre sua profissão, se era policial, repórter ou algo assim, sorriu pelos cantos das perguntas, fez amizade, soube de casos e descobriu a carência no olhar. Por muitas vezes tinha que dizer não obrigado, ao novo convite de ida para o quarto, achava Que poderia incomodar em tanto querer saber, não falava para ela sair dessa vida, não tocava na palavra Deus, nem que o diabo iria atrás dela, nada disso, apenas escutava, singular, atencioso, um homem com sua conduta, em sua posição, ali parado, em público, com uma menina dessa, era intrigante para ela.
Aquele hora foi dinâmica , levantou-se no final e disse que voltaria , sem muito crédito da parte dela, pegou sua velha bolsa e deslisou um andar com a ginga de desnumbrio sempre, fechou o semblante e elegante saiu para retornar a sua vida, depois, em mesmo local e quase hora igual ele voltou, ofereceu uma volta pelo shopping, mais uma nota e aceito foi, trouxe fotos dessa vez, perguntou o que achava das imagens, eram de sua irmã, dizia ele, bem pequena, dócil, sorriso sem dente e carequinha, um belo bebê, recebeu como resposta, orgulhoso, as guardou, e mais uma café degustaram,  a estranheza estava estampada no rosto da madame, o que um homem de tamanha estrutura,  bonito, educado, inteligente, queria conversa com ela, será que era gay ou algum tipo de assasino? E a vontade de ir embora deu-se imediatamente, pediu para não procurá-la mais, tinha o que fazer e não iria perder tempo contando sua vida para um estranho, o pouco que lembrava de sua história, ele já sabia de quase tudo, falou que  era feliz daquele jeito e não importava o que aconteceu em seu passado ou o que iria fazer no futuro, continuaria assim sempre,  de posse novamente de sua bolsa, foi-se sem esquecer a linda coreografia de seu andar .
 Aqueles dias com o homem que lembrou-se depois que nem seu nome sabia, ficou martelando em sua cabeça, não era pelo dinheiro recebido, ou pelo café pago, sua aurea calma de tons azulados transmitia paz, boas notícias, transformação para melhor. Naquela noite, ficou bem próxima de seu altar no quarto de um sobrado onde morava, sua história era realmente sem passado, suas lembranças  rasas e em fleshs, pensou se mudaria  sua vida se visse novamente aquele rosto masculino, caminhou por horas nas ruas , usou estratégias de informação mas não adiantou, procura em vão, achou por bem deixar assim mesmo como ficou, devia realmente ser só mais um louco atrás de coisas diferentes, queria mesmo uma prostituta de psicóloga .
De volta ao lar um retrato com um recado pregado em sua porta de entrada fez espanto :
“ Fiz  você, perdi sua mãe, criei você, e perdi você pelo mesmo motivo que a te reencontrei, porém percebi que nunca mais quer ser encontrada  ”.
O nome do pai e para onde foi , quem sabe? Quem deveria se importar, ainda está no mesmo ponto, mesmo lugar, perdida, sem passado, sem esperança, um vulto esperando ou aguardando, assim é a vida de uma das DAMAS .




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