MUNDO PÚBLICO

Escrevo esse texto para abrir caminhos, para a galera que está nessa luta, pensar e verificar se isso mesmo o que quer. PORQUE UM HOMEM NÃO VIVE SOMENTE DE SONHOS.

                                         Sorria você está lendo

Em vários momentos, muitos mesmo,fiquei na indecisão. Levou muito tempo, talvez anos, para esse rumo se desenhar. Nossa, é muito complicado, quem já viveu sabe. É um caminho único, sem volta,  de certo existe a vitória ou a derrota, mas a sua decisão por escolher esse caminho , já é ,de maneira sutil, uma vitória. Porém, cuidado, nunca se sinta um conquistador por antecipação. Esqueça isso porque a conquista, por mais longe que pareça estar, ainda está mais longe do que se possa pensar.

Nesse mundo em que estou existem compensações estrondosas, porém não é, não mesmo, um trabalho simples, pois se ainda não te disseram, nesse mundo estamos procurando emprego também. É isso, a síntese desse mundo é a busca por um bom emprego. No entanto, o que o difere do comum é que mais que um bom currículo, temos que ter um fardo de material armazenado em nossa alma, que só o estudo a alcança. Temos que estar mais que atentos, acima de qualquer entrevistado, até de nosso entrevistador? Sim, de nossa prova, o maior de todos os entrevistadores. É ela que irá definir de verdade o que temos a oferecer. E se tudo o que temos não for suficiente, não receberemos um “entraremos em contato” como resposta, apenas um selo de “desclassificado”.  Bem pior,  não?

No mundo do concurso, estar preparado é trivial, é o primeiro quesito da fila, todos tem que saber nesse mundo o que está ao redor, em sua cabeça, em seu coração, é o que faz você seguir ou esquecer.

Não posso esquecer de contar que nesse mundo você tem que estar preparado para ser intitulado de vagabundo. “Eta, vida fácil. Trabalha não?” Não entendeu? Então, explico. Explico que você tem que estar ciente que irão dizer que é fácil a vida que você leva, apesar das dores de cabeça constantes causada pelo acúmulo de tanta informação, das dores nas costas e pernas por passar tanto tempo sentado, da dúvida gigante se tudo que você está fazendo vale à pena, das restrições imensas a festas, passeios, feriados prolongados, carnavais, etc. Mas eles não fazem por mal. Seus amigos, colegas, até parentes, não entendem a essência do que vivemos. E é nesse momento que você pensa se não seria melhor voltar para o lugar de onde veio, aquele emprego ruim que deixa você triste e sem esperança mas que te fazia ser bem visto por todos já que você ‘realmente trabalhava’.

Encarar um mundo complexo, com obstáculos altamente difíceis de transpor, jogar seu velho e ridículo emprego em um baú cheio de rescisões antigas no momento preciso, apostando tudo em seu estudo, ficar em casa para se dedicar a uma prova o tanto quanto você o fazia por seu velho batente é ser forte, é ter atitude de um vencedor, ainda que esteja muito longe do pódio.

Quando saber que sua hora vai chegar? Jamais terá essa resposta. A pergunta ficará batendo em sua cabeça a cada questão de uma prova anterior que não consegue resolver e que você jura que é justamente essa que te assombrará na prova seguinte. É a aula que não deu tempo de assistir, a internet que não funciona, e você se desespera a ponto de pensar “não vou conseguir”.

Notícia boa? Sim, virá. Mas enquanto ela não chega, escrevo, contorno meus insucessos e sigo. Ainda estou na dúvida, na esperança, na angústia, na vontade que aconteça, e por isso escrevo, pois decidi escrever isso em minha história, em minha vida, ainda que não seja feliz lá, nesse sonho público. Ironia, não? Pode até ser, e daí? O que quero aqui não é, pelo menos nesse momento, um tom de felicidade total. Quero sair de onde estou e chegar lá dizendo: “Eu consegui!”. E se a felicidade plena não estiver lá , vou viver outros sonhos mas já tendo estabelecido minha tranqüilidade, sabendo que já passei pelo calvário, porque é exatamente isso, um calvário.

E eu sigo assim, ainda escrevo, suo, choro, rolo de um lado para o outro na cama, tenho vergonha, luto, e sigo de novo. E você, quer mesmo entrar nesse mundo “dos públicos”? Pense com todo o seu coração, afinal há outras opções, como uma iminente rescisão ou um incrível sorriso com seu primeiro salário.